QUEM SÃO?
August(e) Marie Lumière nasceu em 19 de outubro de 1862; Seu irmão, Louis Nicholas Lumière nasceu em 5 de outubro de 1864; Ambos em Besançon, França.
O pai, Antoine, era pintor e mais tarde se tornou fotógrafo para seguir o fluxo da época, estudando fotografia e criando seu próprio negócio. Inclusive teve suas fotos exibidas na Exposição de Paris em 1878.
A mãe, Jeanne-Joséphine, era lavadeira, mas depois, chegou a dominar a arte da fotografia por causa dos negócios da família.
FAMÍLIA E VIDA
A família se instalou em Lyon com um estúdio fotográfico. Em 1879, com o negócio crescendo, Antoine encomendou equipamentos de iluminação elétrica para compor suas fotos, mas deu de cara com um problema: Não tinha distribuição de eletricidade na cidade, o pai fez umas boas gambiarras com gás e pronto! Temos a primeira de muitas invenções na família.
Antoine sempre teve fama de gastão, gastava mais que ganhava e sempre foi muito ambicioso. Dizer isso não é no intuito de denegri-lo mas para prepara para o que há de vir, continuemos: Outro problema entrou na frente da família: “A placa de colódio de alumínio”. Equipamento utilizado para revelação de fotografia na época, mas que era muito demorado. Qual a solução? Uma nova invenção: “placas secas”.
Antonie gastou todo o dinheiro da família com equipamentos para solucionar o problema, o que levou a família a beira da falência.
Mas o que tudo isso tem a ver com o início do cinema???
Então, é exatamente nesse momento que os irmãos Lumiére demonstram sua força. Após vender o estúdio e fazer algumas contratações, reergueram o negócio da família e proibiram o pai de encostar no dinheiro. Entraram no laboratório e só saíram de lá com a famigerada “placa seca”. Batizando-a de “Etiqueta azul”.
A invenção foi à venda e, claro, foi um sucesso! Os irmãos se tornaram cada vez mais respeitados, o dinheiro que circulava nos negócios da família passou de 295.000 francos em 1886 para 1,253 milhão em cinco anos.
COMO E QUANDO INVENTARAM O CINEMATÓGRAFO?
Foi nessa onda de “Inventar o que eles precisavam” que Auguste começou a se interessar pela imagem em movimento. Ao mesmo tempo, do outro lado do mundo, outra pessoa também começou suas pesquisas na área: Thomas Edison. Então, em 1891, ele apresentou o “Kinetoscópio” para o mundo, onde passava um filme de 15 metros por dentro dele e permitia que apenas uma pessoa assistisse uma cena do tamanho de um cartão de crédito, colocando seu olho numa lente. Três anos depois, a máquina já estava sendo fabricada em série, e Thomas acreditava que esse seria o futuro. Isto não durou muito tempo...
A notícia chegou na França e Antoine, apareceu com uma fita de Kinetoscópio para os filhos dizendo que eles deveriam produzi-las, pois tinha gente interessada em baratear o preço na Europa. A questão estava na praticidade: assistir algo olhando por um buraquinho é longe de ser a melhor opção. Foi o que Auguste pensou quando começou seus estudos: uma maneira de captar as imagens, revelá-las e... Projetáta-las! Imagens que simulem o movimento da vida real... PROJETADAS pra que mais de uma pessoa consiga assistir ao mesmo tempo!
Auguste passou 3 meses pesquisando maneiras de colocar sua ideia em prática. O impasse era como dar ilusão de movimento a imagens estáticas. Seu irmão, Louis, que estava doente, com uma gripe muito forte, numa noite de insônia, apareceu com a solução.
“Devemos recorrer a um dispositivo que ataque a película em repouso,
que a acelere e a retarde até sua imobilidade,
quando projetaremos a imagem.
Temos de repetir este ciclo quinze vezes por segundo”
Louis Lumière
O que significa projetar 15 imagens diferentes em sequência em apenas um segundo.
Para isso, os irmãos buscaram inspiração nas máquinas de costura, adicionando dentes que encaixavam nos buraquinhos dos filmes na época. E finalmente... o cinematógrapho!
QUAL FOI O PRIMEIRO FILME?
Após alguns filmes experimentais e projeções para a família, que na época já tinha bastante gente, já que tiveram mais dois irmãos e tava todo mundo casando e tendo filho. A primeira cena em movimento apresentada ao público foi “A saída da fábrica”. Gravada em 19 de março de 1895 em frente à própria fábrica da família e apresentada 3 dias depois em uma conferência em Paris.
Louis Lumière acionou a manivela e 800 imagens foram projetadas em 50 segundos.
Pra você entender melhor, 800/50 são 16 imagens por segundo, o que dá a impressão de movimento. Hoje em dia, um vídeo para o youtube tem 30 imagens, ou “frames” por segundo; um filme que você está acostumado a ver no cinema tem 24 frames por segundo. Cenas em slow motion, são gravadas com câmeras específicas que gravam uma quantidade absurda de frames por segundo, possibilitando o efeito desejado sem que ele fique truncado.
Apesar do termo “Documentário” ter sido utilizado pela primeira vez na década de 1920, ao analisar o primeiro filme, é possível classificá-lo como um documentário de modo observativo, no qual o documentarista busca captar a realidade exatamente como aconteceu. Evitando qualquer tipo de interferência.
Outras características são: pouca movimentação de câmera; trilha sonora quase inexistente; não há narração...
Como foi a primeira exibição?
A primeira exibição para o público geral foi alguns meses depois da conferência, em 28 de dezembro de 1895, em Paris, no Grand Café. A sessão durava vinte minutos e custava 1 franco por pessoa. Os irmãos exibiram alguns filmes curtinhos que tinham produzido, entre eles: “A saída da Fábrica”, “O jardineiro” e “Chegada de um trem à estação de la Ciotat”. Esse último, em especial, deixou o público bastante surpreso.
É interessante saber que hoje já estamos acostumados com a linguagem do cinema, mas que na época as pessoas ficaram assustadas pensando que o trem ia invadir a sala e matar todo mundo.
Em pouquíssimo tempo, toda a França podia assistir a uma sessão do cinematógrafo. Sem perda de tempo, operadores das máquinas eram treinados na fábrica Lumière e depois enviados a dezenas de cidades no mundo inteiro.
E O QUE ACONTECEU DEPOIS?
Em 1896, os irmãos formaram dezenas de fotógrafos cinematográficos, equipou-os e mandou-os a vários países europeus. A missão era filmar em novas locações e exibir as filmagens parisienses. Esses caçadores de imagens colocavam suas câmaras fixas num determinado lugar e "registravam" o que estava na frente. Neste mesmo ano de 1896, aparece o filme “Coroação do czar Nicolau lI”, filmado em Moscou e considerado como o pai da reportagem cinematográfica.
No meio de tanta revolução tecnológica, um certo mágico ilusionista, Marie-Georges-Jean-Méliès se interessou pelo cinematógrafo, mas foi desencorajado pelos irmãos, eles diziam que era apenas um experimento científico e que apesar do público se interessar no início, logo todos estariam cansados. Ainda bem que Mélies não deu ouvidos, já que em 1902 produziu o que seria o primeiro filme de ficção.
Os irmãos Lumière, não satisfeitos com o título de inventores. Passaram a ser fabricantes de aparelhos, de películas, produtores e distribuidores de seus próprios filmes. Mas, sem perceber a importância que o cinematógrafo tomaria, Auguste e Louis caíram no desinteresse e acabaram vendendo suas salas de projeção e voltando ao laboratório, onde se dedicaram a fotografia, além de outras áreas, como eletricidade, acústica, automobilística e até medicina.
Auguste, apenas com estudo próprio, tornou-se o chefe dos Hospícios da cidade de Paris. Enquanto Louis se dedicou a invenção de novos instrumentos musicais.
Louis Lumière morreu em 1948 aos 84 anos. E Auguste, seis anos depois, em 1954, com 92 anos.
Esse foi o primeiro artigo sobre cinema aqui no Poça d’arte, alguns nomes e assuntos mencionados servirão de base para novos temas de novos vídeos e artigos e, dessa forma, vamos dissecando toda a história do cinema.
E para sua melhor pesquisa, aqui está nossa bibliografia:
BIBLIOGRAFIA
https://super.abril.com.br/tecnologia/irmaos-lumiere-luzes-camera-acao/
BERNARDET – O que é cinema?
NICHOLS, Bill, Introdução ao documentário. 3. Ed. Campinas: Papirus, 2005.
PESSOA RAMOS, Fernao. Mas a final… O que é mesmo documentario. 2008.
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